Pai grita com a mãe; mãe grita com os filhos; os filhos gritam entre si. Todos gritam o tempo todo, por qualquer motivo.
Eu fico imaginando a profissão dessa mulher. Deve trabalhar na bolsa de valores, negociando e comemorando, enquanto os números não param de correr.
Deveria jogar bingo em suas horas vagas. Seria a jogadora perfeita. Gritaria “Bingo!” a plenos pulmões quando completasse a cartela, sua voz ecoando estridente no imenso salão. Chamaria as pedras como se as ameaçasse com o volume da sua voz. E reclamaria com o “declamador de pedras” quando ele não lhe desse alegrias. Faria todas as piadinhas típicas de bingo, arrancando risadas dos jogadores esporádicos e zangando as velhinhas setentonas.
E depois iria para casa, gritar mais um pouco, indiferente aos vizinhos que poderiam ouvi-la. A paz que tanto esbraveja para conseguir só a alcança durante o sono, quando o silêncio paira, finalmente achando um espacinho para se enroscar na rotina daquela família.
Até que um dos filhos comece a chorar, e a barulheira comece toda outra vez.
Gostei muito do texto, Thata.
ResponderExcluirA vida das mulheres anda tão cheia de coisas para fazer. Uma loucura!
Beijos!