sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Os Sete, de André Vianco

O livro começa quando dois moradores da cidade litorânea de Amarração descobrem uma caravela portuguesa naufragada em um de seus mergulhos. Dentro dela, uma caixa de prata contém sete cadáveres secos, acusados de bruxaria. Os espécimes são levados para um barracão próximo para serem estudados e um acidente desencadeia os eventos trágicos que Vianco conta para nós com tanto talento.

O que eu mais gosto nos livros do Vianco são os diferentes pontos de vista abordados. Ele passa da surpresa dos vampiros por estarem numa terra e num tempo desconhecidos, para o terror das pessoas que cruzam seu caminho, a alguns cidadãos e situações que parecem estar ali só para encher páginas, mas que acabam virando pontos importantes na trama mais pra frente.

E o drama. Vianco é o rei do drama. Drama esse que às vezes vem na dose certa, dando  um toque especial à trama, mas que às vezes parece extremamente desnecessário e apelativo. Como no caso do romance entre Eliana e Tiago. O casal, além de não me convencer, por vezes me aborrecia. Eliana é tão fraca e bobinha, que muitas vezes torcia pra que ela fosse morta.

Outra coisa que me desagradou foi a repetição desnecessária de certas informações, como, por exemplo, a visão vampírica. Eu vi, num intervalo extremamente curto, pelo menos três vezes que os vampiros não precisavam de luz para enxergarem à noite graças a um dos poderes deles. Eu até entenderia se ele repetisse isso duas vezes mais no livro, em partes afastadas, mas a cada ressurreição é demais.

Apesar desses detalhes, Os Sete é um baita de um livro cinematográfico. As cenas são muito bem descritas, e cada segundo, cena, careta e ação se passaram na minha cabeça como um filme. Coisa que devia ser feita, por sinal. Os livros de André Vianco dariam ótimos filmes, na minha opinião. Eu consigo ver até as jogadas de câmera que o diretor poderia fazer.

A única coisa que faltou foi a violência. Pra sete vampiros portugueses furiosos por ficarem aprisionados por mais de quinhentos anos, os seis (Sétimo ficou guardado pro próximo livro) são bem bonzinhos. Inverno, que era pra ser o segundo vampiro mais perigoso do grupo, apanhou facilmente em três ocasiões. Uma delas, por um humano normal. Vi mais violência no Anjo – A face do mal, do Nelson Magrini, no qual eu não acreditava que veria muita.

Mas, pra ser justa, a parte do lobisomem foi muito boa e carregada de sangue. O que fez Lobo ser meu segundo vampiro favorito (depois de Miguel, o lindo). A cena final também me encheu de expectativas para Sétimo. Se ele for metade da criatura que pareceu ser vendida ali, vou rolar em sangue no próximo livro, o que vai ser ótimo.

Enfim, nenhum dos “defeitos” altera a fantástica experiência que é ler o livro de fantasia brasileira Os Sete. Não é à toa que André Vianco faz tanto sucesso. 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Preciso desesperadamente de

Sabem as colunas de "Eu quero" nos blogs literários por aí? Aquelas em que o blogueiro posta as obras pelas quais ele anda babando? Então, como eu não posto regularmente, nunca pensei em fazer uma coluna dessas, até porque eu quero todos eles, né. Mas, nesse caso em especial, eu preciso postar.

Até porque não é só um lance de querer, é mais como "Preciso desesperadamente, antes que a minha curiosidade me mate" ou "Preciso disso urgentemente, ou sou capaz de invadir a editora e matar um por um, até conseguir minha cópia".

Exageros à parte, contemplem o lindo motivo pelo qual estou rezando para o mês passar voando:



ARTEMIS FOWL E O COMPLEXO DE ATLÂNTIDA
Eoin Colfer
Ano: 2011
Páginas: 384
ISBN: 9788501092786
Preço: 34,90


Sinopse: Algo terrível aconteceu a Artemis Fowl II: ele virou bonzinho. As criaturas diagnosticam o Complexo de Atlântida, uma doença que causa comportamento obsessivo-compulsivo e múltiplas personalidades, causada por ter mexido tanto com magia. Agora, a cidade subaquática de Atlântida está sob o ataque de robôs malignos e o novo Artemis bonzinho não consegue lutar contra eles.

A única esperança é que sua aliada, a capitã Holly Short, consiga trazer o verdadeiro Artemis de volta – antes que os misteriosos robôs destruam a cidade e todas as criaturas que vivem lá.


Pra quem não conhece a série, parece uma sinopse um tanto estranha, mas eu explico. Artemis Fowl é um garoto de doze anos, gênio do crime, que descobre o mundo subterrâneo das fadas e tenta constantemente tirar proveito dele, seja sequestrando uma fada e exigindo resgate em ouro, seja tentando vender tecnologias que colocam o planeta inteiro em perigo.

Conforme os volumes vão passando, Artemis adquiri uma consciência que o impede de fazer coisas extremamente ruins, mas o jeito ardiloso e mentiroso continuam basicamente iguais. Sim, ele não é exemplo de perfeição como muitos protagonistas por aí. A maior graça de Artemis Fowl está nisso: no jeito real de agir, usando mentiras para fazer o bem, enganando os próprios amigos para salvar-lhes a vida. Afinal, o mundo real não é só preto e branco. 

E é por todos os risos, gritos, lágrimas e surtos que essa saga já me proporcionou, por todo o amor que eu tenho por esses personagens cheios de falha e magia, que não vejo a hora de ter o meu exemplar nas mãos, e por que faço esse post.

Pense em magia. Pense duas vezes. 

OBS: Pra quem está tão ansioso quanto eu, o livro já está em pré-venda na Livraria Cultura, na Saraiva, na Livraria da Travessa e na Siciliano.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Gritos, gritos, e mais gritos

Pai grita com a mãe; mãe grita com os filhos; os filhos gritam entre si. Todos gritam o tempo todo, por qualquer motivo.

Eu fico imaginando a profissão dessa mulher. Deve trabalhar na bolsa de valores, negociando e comemorando, enquanto os números não param de correr.

Deveria jogar bingo em suas horas vagas. Seria a jogadora perfeita. Gritaria “Bingo!” a plenos pulmões quando completasse a cartela, sua voz ecoando estridente no imenso salão. Chamaria as pedras como se as ameaçasse com o volume da sua voz. E reclamaria com o “declamador de pedras” quando ele não lhe desse alegrias. Faria todas as piadinhas típicas de bingo, arrancando risadas dos jogadores esporádicos e zangando as velhinhas setentonas.

E depois iria para casa, gritar mais um pouco, indiferente aos vizinhos que poderiam ouvi-la. A paz que tanto esbraveja para conseguir só a alcança durante o sono, quando o silêncio paira, finalmente achando um espacinho para se enroscar na rotina daquela família.

Até que um dos filhos comece a chorar, e a barulheira comece toda outra vez.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Zodíaco, de Robert Graysmith

"A história real da caçada ao serial killer mais misterioso dos Estados Unidos".

Robert Graysmith trabalhava como cartunista para o San Francisco Chronicle quando o jornal recebeu uma carta e um pedaço de criptograma do assassino Zodíaco. Como várias outras pessoas, Robert tornou-se obcecado com a investigação e tentou decodificar as pistas para trazer a identidade do sádico sexual à tona.

Neste livro, ele conta a história do assassino mais misterioso, sagaz e escorregadio. Junta vários relatórios policiais, depoimentos de testemunhas, interrogatórios de suspeitos, conversas com terceiros e pistas que cavou ele mesmo, numa narrativa fácil, de quem sabe o que faz.

O começo é um pouco penoso porque leva tempo para se acostumar à linguagem do texto. Não é uma história adaptada da verdade; não é um roteiro de thriller policial; são fatos concretos, o relato dos assassinatos e da zombaria do Zodíaco. Fatos passados a nós através de um jornalista, que merece palmas por não tentar enfeitar a narrativa com coisas desnecessárias, mas que não deixa as partes técnicas tomarem conta e transformarem esse livro numa monografia chata.

Graysmith segue a ordem cronológica dos ataques, e vai adicionando pistas conforme elas vão aparecendo, então é como se você realmente estivesse participando de tudo aquilo, como se vivesse na época em que as pessoas tinham medo de sair às ruas, de mandar suas crianças para a escola.

Zodíaco é um livro perturbador; deliciosamente perturbador. Ele choca, especialmente com os relatos dos parentes e amigos das vítimas, e dos poucos sobreviventes, fazendo você se dar conta de que tudo aconteceu a pessoas tão normais quanto você, sua família ou seus vizinhos; e fascina, porque a aura intocável que envolve esse criminoso e o jeito como espalha o terror por San Francisco e Bay Area, fazem com que você queira participar da investigação, queira desvendar as pistas e quebrar os códigos sozinho.

Para quem gosta de investigações criminais, serial killers e mistério, é um prato quente e transbordando. Para quem não tem estômago para tanto, é melhor ficar bem longe. Zodíaco é um livro para poucos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sementes no Gelo, de André Vianco

Fantasmas de crianças estão pipocando em todos os cantos de Osasco, seja para assombrar adultos à noite para lhes servirem de pais, seja para proteger mulheres e crianças de bandidos, pedófilos ou estupradores.

Tânio, um detetive particular, é contratado por uma velha amiga, vítima de um desses espíritos, para descobrir porque ela está sendo assombrada. Na busca, ele se depara com outros casos e acaba atraindo a fúria dos espíritos atormentados para cima dele.

Uma história curta, simples e cheia de ação, e que daria uma boa adaptação cinematográfica. Como livro, no entanto, apesar de Vianco escrever bem e saber conduzir a história de forma plausível, não convence. Parece faltar alguma coisa para justificar as quase duzentas páginas do romance. Ainda assim, uma boa leitura.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Deixados para trás, de Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins

Num dia normal como outro qualquer, passageiros desaparecem de um voo para a Inglaterra, em pleno ar, deixando apenas suas roupas como prova de que estiveram lá. Sem informações ou explicações, os pilotos são instruídos a dar meia-volta e aterrissar no aeroporto O'Hare. Chegando lá descobrem que não foi um evento isolado; os desaparecimentos aconteceram em todos os cantos do mundo.

A história reveza entre dois pontos de vista: Rayford Steele, o piloto do 747, e Cameron Williams, repórter famoso do Semanário Global. Enquanto Rayford luta para encontrar sua família, Buck (como o repórter é mais conhecido) tenta botar algum senso em tudo aquilo.

Em meio a várias teorias como abdução alienígena e ataque biológico, Rayford descobre que, na verdade, o evento é o Arrebatamento bíblico. Ele, sofrendo de culpa e remorso por não ter sido um verdadeiro cristão, abraça a religião e tenta convencer outros a aproveitarem a segunda chance que lhes é dada.

Quando eu comecei a ler Deixados para trás, não estava dando muita bola para o livro. Pensei que ia ser um livro religioso maçante, que tentaria martelar "a verdade" em minha cabeça de forma arrastada e enervante.

Pelo contrário. Deixados para trás, apesar do ritmo lento (o que é aceitável, já que a série tem 13 volumes), é de uma leitura fácil e fluida, que não permite que você largue o livro com tanta facilidade assim.

O melhor de tudo é que ele vai crescendo em você. Conforme os dias caóticos vão se passando e os personagens sofrem e buscam por respostas, você vai se apegando a eles de tal forma, que mal pode esperar para presenciar os acontecimentos que aquele dia irá desencadear.

Levei o primeiro livro para a praia. Quando eu acabei, fiquei muito brava comigo mesma por não ter levado o segundo volume. O final do livro (que eu não vou contar o que é) é tão sensacional, que eu fiquei de boca aberta por vários minutos. Eu simplesmente não consegui acreditar na qualidade dessa história.

Uma ficção muito bem escrita. Só espero que a qualidade não caia conforme os volumes vão chegando.